Poesia quarantena
by Mayk Oliveira and Wellington Silva

 

Poema de Leo Barth & Pintura de Wellington Amancio da Silva

 

Estava morto desde o ano passado
Ou há três semanas não me lembro

Virtude utilidade
Fumaça fumaça
Água
No vilarejo os gigantes chegaram
Com suas enormes bocas
Dilacerando os cabelos das mulheres e homens
Junto com minhas pernas e meu braço direito
Rastejei ao ar ensanguentado
Quando a palavra perdeu os dentes
E os pássaros oscilaram voo

O pesado sino tocava a música
O pesado sino tocou a música no cume
As outras faces de mim enchiam
Os estômagos dos estranhos

O líquido fervia minhas peles e ossos
Às entranhas escuras com dois olhos alheios
Estava derrotado
Era minha cruz
Sem igreja
Sem libido

Abrigo do quebrar dos vasos
Enterrado pela metade em praça pública
Da caverna
Sem roupas
Sem nada

Apenas canção estranha
Longe das cachoeiras do lavabo
O Grande Touro gritava adeus